Idace Debate mudanças climáticas, sertão vivo e jornalismo ambiental
19 de junho de 2025 - 14:41 ##Cop30 #AgriculturaFamiliar #Idace Debate #JornalismoAmbiental #MudançasClimáticas
Texto de Marina Holanda | Fotos de Rodrigo Dias

Foto: Rodrigo Dias
“A Cop30 vai ser noticiada – mas, de que forma?” foi uma das reflexões trazidas no Idace Debate, na manhã desta quarta-feira (18), no auditório da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA). Com o tema “COP30 no Brasil: a emergência climática, a agricultura familiar e a cobertura da imprensa”, o encontro reuniu o geógrafo e pesquisador da FUNCEME, Felipe Chaves, a coordenadora do projeto Sertão Vivo, Rocicleide Silva, a jornalista e professora Rosane Nunes e o estudante de jornalismo, Gabriel Matos, do projeto de mídia independente “Cuida, Criatura”.
A COP30 é a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), um dos maiores e mais importantes eventos globais dedicados ao combate às mudanças climáticas. Ela ocorrerá de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém, no estado do Pará. Será a primeira vez que uma cidade e amazônica sedia uma COP, destacando a importância do Brasil para a agenda climática mundial.
O Idace Debate é um projeto que surgiu com a chegada do Superintendente João Alfredo, em março de 2023, que busca criar espaços de discussão com a academia, entidades e movimentos sociais sobre temas que envolvem a cidadania agrária e o bem viver, ampliando horizontes para parcerias e fortalecimento de lutas pelo desenvolvimento no campo.
Nesta edição, em uma rica troca de conhecimentos, foram levantadas questões sobre as relações entre agricultura familiar, mudanças climáticas e a importância da jornalismo ambiental na cobertura da COP30. Também foi mencionada a necessidade do trabalho de forma multidisciplinar, na busca por tecnologias que considerem os saberes empíricos e acadêmicos sobre a vida no campo. O encontro refletiu, ainda, sobre a importância das mídias alternativas como fonte de informação qualificada para temas em defesa do meio ambiente.
O superintendente do Idace, João Alfredo Telles, fez a fala de abertura enfatizando a importância de reunir diferentes frentes do conhecimento para discutir um tema que não se restringe à preservação da natureza, mas que afeta diretamente a vida humana.
O superintendente adjunto, Amorim Rodrigues, contribuiu para o debate trazendo sua experiência como agricultor, e mencionou efeitos abrasivos de queimadas feitas na década de 1930, que comprometeram o solo da região rural até os dias de hoje. Amorim reforça que esse conhecimento precisa ser repercutido, mas em uma linguagem simples, que conflua o conhecimento acadêmico com o saber do povo do campo, para alcançar tecnologias e estratégias de resiliência em meio às mudanças do clima.

Foto: Rodrigo Dias
“Eu fiz da caneta a minha enxada”, afirma a professora e jornalista Rosane Nunes, ao iniciar sua fala sobre a diferença entre jornalismo ambiental e cobertura da grande mídia nos eventos internacionais sobre temas políticos, como as mudanças climáticas e o meio ambiente.
A professora Rocicleide Silva explica sobre o processo de recaatingamento, e destaca a necessidade de uma maior multidisciplinaridade na atuação na zona rural. “É preciso aprender com o agricultor, mas também deixar ferramentas para que ele evolua. Repensar politicas públicas diante dos desafios e contradições que nós temos”, afirma Rocicleide.
Não há otimismo em relação à COP30 e às concessões que os países devem avançar, do ponto de vista climático. Os debatedores pontuam que, mesmo diante desse cenário, o evento levanta reflexões interessantes como a denúncia ao racismo ambiental, trazido principalmente pelas mídias alternativas.
Gabriel Matos, co-fundador do projeto “Cuida Criatutra”, de jornalismo independente, enfatiza a importância diversificar as fontes de informação, diante de uma mídia hegemônica que suprime e distorce a realidade, em coberturas superficiais sobre pautas político-ambientais.
O Idace acredita que a justiça climática passa pelo comprometimento ético com o bem comum, e tem trabalhado em ações como estas, em prol da cidadania agrária e do bem viver.