Homenagem ao cacique Daniel, da reserva Pitaguary

22 de novembro de 2018 - 16:42

O índio Francisco Daniel Araújo da Silva, Cacique Daniel, 65 anos, faleceu no último dia 18, véspera do Dia do Índio, em Fortaleza. Ele era uma das mais influentes lideranças do Nordeste na luta por demarcação de terras e garantias de direitos dos povos indígenas. O cacique estava há quatro dias internado no Instituto Doutor José Frota (IJF) com problemas nos rins. Ele deixa como legado a demarcação da Reserva Pitaguary, em Maracanaú.

“Uma perda inestimável. O cacique Daniel tinha uma espiritualidade muito presente. Esteve em todos os processos de luta dos povos indígenas. A luta dele resultou em uma portaria demarcatória para a Reserva dos Pitaguary. Isso gerou uma sustentabilidade e uma segurança jurídica do povo Pitaguary”, disse o Weibe Tapeba, da Coordenação das Organizações dos Povos Indígenas do Ceará (Copice).

Na tarde de terça-feira, 19, Dia do Índio, foi realizada uma celebração na aldeia dos Pitaguary, congregando algumas das principais tribos do Estado, quando foram prestadas homenagens ao cacique. “O cacique Daniel esteve sempre coordenando os povos indígenas do Ceará e muitos vão vir para homenageá-lo. Vamos fazer um ritual entre os povos para marcar essa partida”, disse Weibe Tapeba.

Sobre o Cacique Daniel, o filho, Manoel dos Santos Barros, falou da história de 29 anos do pai como cacique e da luta pela demarcação de terras, iniciada em 1998. “Ele dedicou a vida à comunidade. Foi atrás de recursos para a aldeia e era uma pessoa muito honesta. Hoje estamos vivendo uma grande perda e jamais vai aparecer alguém como ele foi”, desabafa o filho.

Francisco Cláudio Ferreira da Silva é da comunidade e diz que a luta da terra estava na mão do cacique e que ele sempre deu conselho para que os indígenas não deixassem de lutar. “Estamos perdendo o nosso guerreiro. E buscamos que o filho dele seja o cacique, conforme a tradição” relatou.

Liderança da aldeia Jenipapo-Kanindé e coordenador do museu indígena, Heraldo Alves, conhecido como Preá, falou do respeito de Daniel aos mais antigos, como é o caso da cacique Pequena, com quem trabalhou nas causas indígenas. “Daniel sempre vai morar no coração de jenipapo-kanindé, mesmo indo para o pai Tupã e a mãe Tamaí”, disse o líder.

Augusto Brandão
Assessoria de Comunicação do Idace
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